Sou um cara bem sossegado com esse lance de "politicamente correto", acho que muita coisa boa do humor deve ultrapassar essa barreira sem problemas. Mas considerei o comentário abaixo infeliz...
O nome "Camboriú" pode ser engraçado e proporcionar rimas bem esdrúxulas, mas o significado citado, por óbvio, está errado.
Segue alguns textos sobre o tema:
O significado do nome Camboriu é de origem guarani e vem do termo original CAMBORIGUASSU. Segundo documentos datados desde 1501, conforme nos revela Luís da Câmara Cascudo em sua obra mais espetacular, Cambori era o termo que os autóctones usavam para denominar um peixe que hoje chamamos de robalo. O sufixo guassu ou guaçu, açu ou simpleste ú, significa grande. Tese essa sustentado pelos principais cientistas do século XIX, que estudaram a sua etimologia, entre eles, o botânico Francês August de Saint’Hilaire, Teodoro Sampaio entre outros.
Pela lei do menor esforço ou corruptela do linguajar popular num fenômeno que os gramáticos definem como “metaplasmo de supressão por síncope”, o termo foi aprimorado para Camboriú, nome que consta no autógrafo da lei 1076. Mais tarde eruditos como vigários e escrivães, aprimoraram para Camboriú, termo definitivo.
Texto: Isaque de Borba Corrêa.
Sobre a origem e significado do topônimo são muitas as versões divulgadas. As mais antigas são a de Saint-Hilaire (1.855): rio das camboas e a do Arcipreste Paiva (1.860): rio de seios ou camboas (2.003, p. 84). Boiteux (1.915, p. 111) confirma a mesma versão dada pelo sábio Saint-Hilaire. Tendo por base o dicionário de Laudelino Freire onde camboa é o mesmo que gamboa, foi divulgada a seguinte descrição a respeito do rio Camboriú: “lugar em que remansa a água dos rios, dando aparência de lago tranqüilo” (FREIRE, 1.930, p. 2.679). Daí nasce a versão popular mais conhecida: “onde o rio camba”. Segundo o IBGE (1.959, p. 57), Lucas Boiteux, baseado em Theodoro Sampaio, anota a proveniência de “camby”, leite, “ri”, correndo e “y”, água do rio, donde vem a expressão: rio onde corre o leite. Theodoro Sampaio, na primeira edição de seu livro, levanta a possibilidade de Camboriú significar rio dos robalos. Segundo Reitz (1.976, p. 149), baseado na definição anterior e dando ao étimo “u” o significado de comer, deduz que Camboriú significa criadouro de robalos e não rio dos robalos como era divulgado. Por sua vez, Patrianova (1.989, p. 273) insiste em afirmar que Camboriú antigamente chamava-se Cambariguaçú: “camba”, mama, seio, “ari”, em cima, “iguaçu”, grande, significando seio grande em cima do morro. Finalmente (2.005) publicamos um estudo sobre a etimologia do termo e chegamos à conclusão que Camboriú literalmente significa: rio das pequenas cercas de varas.
A maioria das suposições levantadas são cópias de definições antigas. A monografia do Departamento Estadual de Estatística, ao afirmar que “o rio tem pouca correnteza, deslizando em terras férteis” (1.940, DEE, apud IBGE, 1.959, p. 57), corrobora com as afirmações relativas às camboas, na sua acepção latina. Daí erroneamente vem a versão popular mais divulgada “onde o rio camba”. A posição do botânico Raulino Reitz, baseada na definição rio dos robalos de Theodoro Sampaio na primeira edição de O Tupi na Geographia Nacional (1.901, p. 118), não aparece na 4ª edição da obra (1.955, p. 188). Ademais, em nenhum dicionário encontramos “camburu” como definição de robalo. Das oito citações encontradas na literatura histórico-brasileira, desde 1.587 a 1.935, apenas três grafias diferentes aparecem: “camurim, camuru e camorim”. A suposta grafia “camburu”, fundamental na morfogênese do termo, nas hipóteses levantadas por Reitz e por Theodoro Sampaio, não aparece. Também o dicionário Houaiss (2.001, p. 2.464) registra como sinônimo de robalo apenas as três grafias citadas. Ademais, José de Anchieta, ao explicar a pronúncia da letra i, traz como exemplo camuri, robalo, ig, rio. O composto fica camuriiig, rio de robalos (1.946, p. 06).
Camboriú é formado por quatro raizes assim decompostas: caa (mato, erva, galhos, varas) + amba (cercar, fechar, trancar, encurralar) + ri (posposição com) + u (rio). Rio com cercas de varas é a tradução literal. É uma alusão à armadilha de pesca, empregada pelos índios e também pelos colonizadores. O rio Camboriú, correndo numa extensa planície e com pequenas ilhotas no seu leito, era o local ideal para esse tipo de pesca. O fluxo e o refluxo das marés, diariamente, garantiam a sobrevivência dos pescadores.
As duas primeiras idéias do topônimo Camboriú “caa”, vara, ramagens, “amba”, cercas, formam a palavra portuguesa camboa, de origem indígena, “que é como os índios chamavam o cercado, feito de galhos e ramagens para apanhar peixe” (SAMPAIO, 1955, p. 204). Este termo, na acepção indígena, com o tempo passou a significar qualquer tapagem natural, que fizesse parte integrante das camboas, como veremos a seguir, nos abonamentos. Feita esta elucidação, a definição histórico-filológica de Camboriú é rio com camboas.
São muitos os argumentos em favor da hipótese que defendemos. Os mais convincentes os encontramos nas obras histórico-literárias e nos verbetes de dicionários clássicos. Mas, os nomes de Camboa Grande e Camboa Pequena, dados no passado às duas ilhotas do rio Camboriú, são marcos históricos que testemunham a existência e a localização dessas armadilhas de pesca.
Os étimos que formam a palavra camboa são “caa”, ramos, galhos, ramagens e “amba”, cercas. Os dicionários clássicos guaranis são enfáticos sobre o significado dos mesmos, através de frases. No verbete ramo, encontramos a frase que mais se aproxima da morfogênese e significado de Camboriú: “Ramos para cercar arroio = ca’ambayá” (PERALTA, 1.951, p. 380, tradução nossa). Para a mesma frase, Montoya é mais explícito na tradução: “Caa mbayâ, ramalhada que colocam para trancar os arroios para apanhar peixes” (1.876, p. 83 v., tradução nossa). Finalmente para coroar a análise etimológica da palavra camboa, no verbete pescar, a raiz “ambo” significa trancar, cercar, impedir de sair: “piramboá, pescar com rede” (PERALTA, 1.951, p. 336, tradução nossa). Paulo Restivo, também no verbete cercar, é muito claro: “ambocorá, fazendo curral” (1.722, p. 206).
G. S. Souza, Notícias do Brasil, é o primeiro literato a confirmar o termo camboa como sinônimo de tapagem. Na captura do peixe cunapu, afirma que “no tempo das águas vivas se tomam em uma tapagem de pedra e de paus a que os índios chamam camboas, onde morrem muitos [...]” (1.587, SOUZA apud CUNHA, 1.978, p. 90, grifo nosso).
Fonte
Como é possível perceber, não tem nada a ver com camelo, nem mesmo com cocô. Quer ser engraçadão, seja com algum fundamento.